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A Identidade Parda no Brasil: Desafios de Pertencimento e Invisibilidade Racial

  • Foto do escritor: Muda Disso
    Muda Disso
  • 16 de out. de 2024
  • 3 min de leitura


Quantas vezes você já se questionou sobre a sua identidade racial? No Brasil, um país marcado pela diversidade, o termo "pardo" aparece nos censos e em debates sobre raça e etnia. Mas o que ele realmente significa? Para muitos, ser "pardo" é viver em um espaço indefinido, onde o pertencimento parece sempre distante. Este post explora a complexidade da identidade parda e o impacto que ela tem na vida de milhões de brasileiros, tanto no campo social quanto no profissional.



Ilustração de um homem caminhando por uma escada formada por rostos humanos, simbolizando a complexidade da identidade parda e o processo de autoconhecimento e pertencimento racial no Brasil.


História e Origem do Termo: Uma Identidade em Limbo


O termo "pardo" surgiu no Brasil colonial, sendo usado para descrever pessoas de ascendência mista, principalmente de europeus, africanos e indígenas. Diferente de outras classificações raciais, "pardo" nunca foi uma identidade única, mas sim uma categoria ampla e fluida. Hoje, muitos brasileiros que se autodeclaram "pardos" enfrentam dificuldades para se identificar claramente dentro dessa classificação.


A identidade parda no Brasil é marcada por uma condição de "limbo racial", como descrito por Lauro Felipe Eusébio Gomes. Esse limbo resulta de séculos de políticas de embranquecimento e miscigenação, que começaram com a violência contra mulheres negras e indígenas. A construção social dos pardos é permeada pela negação de sua identidade negra e pela pressão para se aproximar da branquitude. Isso cria uma sensação de não-pertencimento, onde o pardo é "negro demais para ser branco, e branco demais para ser negro".



Pertencimento e Desigualdades Raciais no Brasil


Impactos Sociais e Racismo Estrutural


Pessoas pardas frequentemente navegam entre a branquitude e a negritude, tentando encontrar aceitação em uma sociedade que ainda associa a branquitude à superioridade. Esse fenômeno reflete um processo histórico em que o embranquecimento foi incentivado como forma de "diluir" as identidades raciais. Como resultado, muitas vezes, pessoas pardas tentam "apagar" características que as distinguem para serem vistas como parte do "todo".


Esse "não-lugar" vivido por pessoas pardas é um reflexo do mito da democracia racial — a ideia de que o Brasil é uma sociedade harmoniosamente miscigenada. No entanto, essa narrativa oculta as barreiras e violências que ainda impactam a vida de pessoas negras e pardas, especialmente em termos de reconhecimento e pertencimento.



Inclusão, Resistência e Representatividade da Identidade Parda


Para promover uma inclusão genuína, é crucial desconstruir o mito da democracia racial, que disfarça as desigualdades e impede o avanço das discussões sobre identidade e inclusão. A representatividade de pessoas pardas em espaços de poder e decisão é essencial não apenas para combater o racismo estrutural, mas também para valorizar a ancestralidade afro-brasileira e indígena.


Iniciativas de inclusão precisam ir além de políticas formais e reconhecer a importância de resgatar a identidade racial e promover a consciência racial. Isso inclui incentivar o diálogo sobre a história e a cultura afro-brasileira e indígena, combatendo o apagamento dessas identidades. A resistência ao embranquecimento deve ser vista como um ato de afirmação e empoderamento, reforçando o pertencimento e a valorização da identidade.


Para aprofundar a discussão sobre identidade racial no Brasil, leia também nosso post "Pardo é Cor? O limbo da Raça"


Dados sobre Representatividade e Desigualdades


  • Em 2021, pessoas pardas representavam 45% da força de trabalho, mas apenas 29,5% dos cargos gerenciais, enquanto pessoas brancas, com 43,8% da força de trabalho, ocupavam 69% dos cargos de liderança.

  • A taxa de informalidade é maior entre pessoas pardas (47%) do que entre pessoas brancas (32,7%). Além disso, o rendimento médio mensal das pessoas pardas (R$ 1.814) é significativamente menor que o das pessoas brancas (R$ 3.099).

  • Embora representem a maioria dos inscritos no ENEM, pessoas pardas enfrentam maiores desafios para acessar o ensino superior e cursos de prestígio, como Medicina, onde sua participação é de apenas 25%.

  • A taxa de homicídios entre pessoas pardas (34,1 por 100 mil habitantes) é quase três vezes maior que a das pessoas brancas (11,5 por 100 mil habitantes), evidenciando a desigualdade na segurança pública.


 

Referências


  • Gomes, L. F. E. (2019). Ser Pardo: O Limbo Identitário-Racial Brasileiro e a Reivindicação da Identidade. Instituto Federal de Minas Gerais.

  • Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). (2021). Informativo sobre Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil.

  • Devulsjy, A. (2020). Colorismo: Feminismos Plurais. São Paulo: Jandaíra.

  • Almeida, S. L. (2019). Racismo Estrutural. São Paulo: Sueli Carneiro.o.

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